segunda-feira, 27 de março de 2017

Eco

"E teu nome vai pra sempre ecoar dentro de mim..."
 
Eco era uma bela ninfa, amante dos bosques e dos montes, onde se dedicava a distrações campestres. Era favorita de Diana e a acompanhava-a em suas caçadas. Tinha um defeito, porém: falava demais e, em qualquer conversa ou discussão, queria sempre dizer a última palavra.
Certo dia Juno saiu a procura do seu marido, de quem desconfiava, com razão, que estivesse se divertindo entre as ninfas. Eco, com sua conversa, conseguiu entreter a deusa, até que as ninfas fugissem. Percebendo isso Juno a condenou com as seguintes palavras:
- Só conservarás o uso dessa língua com que me iludiste para uma coisa de que gostas tanto: Responder. Continuarás a dizer sempre a última palavra, mas nunca mais poderás falar em primeiro lugar.
Alguns dias depois a ninfa viu Narciso, um belo jovem, que perseguia a caça na montanha. Apaixonou-se por ele e seguiu lhe os passos. Quanto desejava dirigir-lhe a palavra, dizer-lhe frases gentis e conquistar-lhe o afeto! Isso, contudo, estava fora do seu poder. Esperou, com impaciência, que ele falasse primeiro, afim de que pudesse responder. Certo dia então, o jovem, tendo se separado dos seus companheiros, gritou bem alto:
- Há alguém aqui?
- Aqui - Respondeu Eco.
Narciso olhou em torno e não vendo ninguém, gritou:
- Vem!
- Vem! - Respondeu Eco.
- Por que foges de mim? - Perguntou Narciso.
Eco respondeu com a mesma pergunta - Por que foges de mim?
- Vamos nos juntar - Disse o jovem.
A donzela repetiu com todo ardor, as mesmas palavras e correu para junto de Narciso, pronta a se lançar em seus braços.
- Afasta-te! - Exclamou o jovem, recuando. - Prefiro morrer a te deixar possuir-me!
- Possuir-me - disse Eco.
Mas tudo foi em vão. Narciso fugiu e ela foi esconder sua vergonha no recesso dos bosques. Daquele dia em diante passou a viver nas cavernas e entre os rochedos das montanhas. De pesar, seu corpo definhou até que as carnes desapareceram completamente. Seus ossos transformaram-se em rochedos e nada mais dela restou além da voz. E mesmo assim, ela ainda continua disposta a responder a quem quer que a chame. Conservando o velho hábito de sempre dizer a última palavra.


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