quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dinamene...

Quando de minhas mágoas a comprida


Quando de minhas mágoas a comprida
Maginação os olhos me adormece,
Em sonhos aquela alma me aparece
Que pera mim foi sonho nesta vida.

Lá numa saudade, onde estendida
A vista pelo campo desfalece,
Corro para ela; e ela então parece
Que mais de mim se alonga, compelida.

Brado: "Não me fujais, sombra benina!"
Ela, os olhos em mim c'um brando pejo,
Como quem diz que já não pode ser,

Torna a fugir-me: e eu, gritando: "Dina..."
Antes que diga mene, acordo e vejo
Que nem um breve engano e posso ter.
(Luís de Camões - Um dos Sonetos escritos a sua amada Dinamene, que morreu em um naufrágio enquanto Camões salvava Os Lusíadas)




When the postponement of my sorrows

When the postponement of my sorrows
On magination the eyes sleep,
On dreams that soul appears for me
And for me was a dream in this life.

There in the missing, where outspreaded
The view on the field dies,
I run to her; And so she seems
That from me she's going far, forced.

I cry: "Don't run from me, good shadow!"
She, the eyes on me with an easy shame,
Like who says that can be no more,

Again she runs: And I, screaming: "Dina..."
Before to say "mene", I wake up and see
That neither a little mistake I can take.
(Luís de Camões - One of the sonets wrote to his beloved Dinamene, who died on a shipwrecked while Camões was saving The Lusíadas)

Nenhum comentário:

Postar um comentário