quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Recordações


Recordações
Upload feito originalmente por Guzma
Olho para recordações guardadas como pinturas sobre uma tela exposta. Com o tempo elas vão ficando embaçadas. Detalhes vão perdendo-se em antigas janelas que se abrem como órbitas cegas. Perdem-se pelo chão em poças de lama. Recordações que procuro não sujar. Recordações que inflam dentro do meu peito.
Lembro de um grupo bastante grande. Costumávamos ir para casa da Nana nas férias onde ficávamos jogando jogos de tabuleiro. Banco Imobiliário, Detetive, Master, WAR, etc. Lembro como me entretia e adorava aquilo. Lembro de como me alegrava pequenas e simples coisas. Cy treinava judô comigo. Era uma excelente parceira. Viajamos para dois campeonatos juntos. Uma medalha de ouro e duas de bronze. A Sol sempre foi a mais extrovertida do grupo. Topava o der e viesse. Desde algum show com uma banda headbanger maluca até swingueira em casa de pagode. Acho que por isso a chamávamos de Sol. Radiante e trazia alegria. Jessica sempre foi a mais fechada. Para quem não a conhecia causava uma forte impressão de antipatia. Sempre foi seca e direta no tratamento. Isso fazia com que gostássemos dela de um modo especial. Gabriela... A mais "soltinha" da turma. Sempre apaixonada, carinhosa e por isso era tão fácil apaixonar-se por ela. Por último, mas não última, Jack. Sonhadora Jack... Gostava de ficar escutando a noite, lá na praia em nossos luaus, os planos dela. De como iria estudar fora. Crescer e fazer sua família. Sonhos de que sempre estaríamos por perto. Sonhos incompletos que ainda recordo.
O grupo desfez-se. Não foi culpa de ninguém. Algumas delas conseguiram realizar parte de seus sonhos. Algumas que nem sei mais onde estão ou como estão. Espero que bem apesar de tudo. Outras que se foram... Foram-se da cidade, do país e dessa vida. Mas todas guardo com carinho em minha caixa de recordações não-tão-esquecida ainda. Apenas caminhos distintos e basta isso para que o tempo muitas vezes se encarregue de transformar tudo em recordações guardadas numa caixa lá no sótão.
Ouvindo Radiohead - Just

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I look to the memories like paintings stored on an exposed screen. In some time they are getting blurry. Details will become lost in old windows that open like blind orbits. They lose to the ground in puddles of mud. Memories that I don't want to go dirty. Memories that inflate inside my chest.
I remember a rather large group. We used to go to Nana's home when we were on vacation to play board games. Monopoly, Detective, Master, WAR, etc.. I remember how I joy and loved it. I remember how I rejoiced small and simple things. Cy trained judo together with me. She was an excellent partner. We traveled for two championships together. One gold medal and two bronze. Sun was always the most outgoing of the group. She was always ready for anything. From a show with a crazy headbanger band until some swingueira at a pagoda show house. I think that's why we used to call her as "Sun"... Always radiant and bringing happiness. Jessica has always been the most closed. For those who didn't know she caused a strong feeling of dislike. She was always dry and direct on treatment with others. This meant that we liked her in a special way. Gabriela... The more "fluffy" in the group. Always passionate, caring and that's why was so easy to fall for her. Last but not least, Jack. The dreamy Jack... I liked to listen in the night, there on the beach near the bonfire, her plans. She would like to study abroad. Growing and making her family. Dreams that we would always be near. Incomplete dreams that I still remember.
The group broke up. That was nobody's fault. Some of them have achieved part of their dreams. Some I don't even know who they are or where they are. I hope that well anyway. Others be gone... Gone from the city, from the country and from this life. But I cherish all them in my memory box not-so-forgotten yet. Just different ways and it’s just enough for the time take all our memories and store it in a box there in the loft.
Hearing Radiohead - Just

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Tesouros, Jóias e Cruzadas


bracelets
Upload feito originalmente por Gabriella Hal
As Cruzadas foi um período da história, acima de qualquer coisa, cheio de contradições. Heroísmos e covardia, brutalidade e respeito, sabedoria e insensatez, cobiça e auto-sacrifício. De todas essas contradições a cobiça foi a que encerrou a cena das Cruzadas. Ainda hoje não se sabe se o
plano para a Quarta Cruzada era desde o início saquear Constantinopla ou se tal fato aconteceu devido a uma série de fatores que levaram a isso.
Constantinopla desde a Primeira Cruzada era aliada dos cristãos, mas séculos de desentendimentos religiosos tinham piorado a situação. A igreja ocidental discordava em muitos pontos da igreja bizantina. Além disso a riqueza do Império Bizantino sempre foi invejada. A igreja do ocidente
mantinha um certo complexo de inferioridade frente a civilização bizantina, bem mais desenvolvida.
Junto a isso o povo de Bizâncio estava profundamente ressentido com os últimos imperadores que haviam adotado costumes ocidentais e procuravam noivas ocidentais para ajudar as suas alianças estratégicas. Desde o desastre de Myriocephalum em 1176 Bizâncio vinha se deteriorando de forma
alarmante. Uma sucessão de imperadores de segunda classe e a desordenada liderança desmoronou o império, deixando-o vulnerável a um ataque.
Esse ataque veio da Quarta Cruzada. O objetivo principal dessa Cruzada era o Egito, que segundo Ricardo da Inglaterra era um ponto fraco dos muçulmanos. Entretanto uma série de infortúnios redesenhou o destino dessa Quarta Cruzada. Com a morte do Conde Tibaldo a liderança foi atribuída a Bonifácio de Montferrat, Esse possuía uma forte aliança com Felipe de Swabia que nutria uma certa antipatia por Bizâncio. Também houve um grande gasto por Veneza para compor uma frota de navios novos para levar os cruzados. O número de soldados era bem maior que o esperado deixando os cofres da cidade em déficit. Foi feito um acordo então com os Cruzados para que retomassem a cidade de Zara, tomada pelos húngaros, em troca do pagamento pelos navios. A cidade resistiu por alguns dias, mas em 15 de novembro de 1202 sucumbiu e ficou exposta aos horrores dos saques. E foi lá em Zara que o destino da Quarta Cruzada foi modificado.
Em 25 de abril de 1203 o filho do imperador deposto, Alexius, apareceu na cidade com uma proposta de grandes recompensas caso os cruzados recuperassem Constantinopla para ele. Em 6 de abril de 1204 eles atacaram a cidade, mas foram repelidos. Tão altivos estavam os bizantinos com a
falha do ataque que mostraram suas nádegas nuas para os cruzados como forma de escárnio. Na manhã de 12 de abril de 1204 os cruzados reagruparam-se para um ataque final. Pontes foram improvisadas nos navios venezianos para que os soldados pudessem passar por sobre as muralhas para dentro da cidade. Os navios avançaram para as antigas muralhas de Constantinopla e foi lançado um ataque de artilharia. Tentativas de incendiar as defesas com fogo grego falharam. Em resposta os gregos catapultavam pedras nos navios venezianos, mas esses possuíam uma construção bem resistente, evitando assim muitos danos.
Um dos navios venezianos conseguiu então chegar até as muralhas. Por ele um cavaleiro cruzou o muro, seguido por outro e mais outro logo formando uma base. Outras áreas da muralha caíram para os cruzados e as defesas foram dominadas. Mas ainda restava uma última linha de defesa. Ela parecia resistir bem quando uma consternação explodiu dentro da cidade. O fogo ficou descontrolado. No pânico que se seguiu a linha de defesa desfez-se e os cruzados tomaram por completo a cidade. O imperador recém possado, Murzuphlus, escapou tão rápido como pôde e os líderes da Cruzada adentraram o palácio.
Havia pouca resistência e logo tudo pareceu estar calmo. Na manhã seguinte os líderes reuniram-se. Agora comandavam uma das cidades mais ricas da cristandade com um exército que esperava alguma forma de pagamento. Esse foi feito de forma simples e chocante. Por três dias a cidade foi entregue aos soldados para ali fazerem o que bem entendessem. Assim começou uma das cenas mais horríveis e infames da história das Cruzadas. Uma orgia de obscenidades foi desencadeada. Os soldados cegos de tanta bebida espalharam-se pelas ruas das cidades aterrorizando os cidadãos. Tomaram tudo o que desejaram: tesouros, bebidas e mulheres. Jovens freiras foram estupradas em seus conventos, mulheres atingidas com suas crianças, a destruição material foi horrenda e muitas vezes sacrílega. Os restos mortais do Imperador Justiniano foram violados e suas joias roubadas. Igrejas foram saqueadas. A maior indignidade para cidade ocorreu quando as portas da Igreja de Santa Sofia foi derrubada e pilharam todo ouro e prata que a enfeitava. Alguns exemplos da rica herança de Constantinopla foram levados pelos venezianos, que a apreciavam, mas essa herança milenar foi destruída pelos descuidos dos francos. "Tamanho roubo nunca havia sido realizado em nenhuma cidade desde que o mundo começou" - relatou um cronista que esteve presente. Foi um ato vergonhoso, sem provocação, sem propósito ou piedade. Uma deturpação abominável de tudo aquilo que os cruzados supunham lutar contra. A mesma Constantinopla que havia sido atacada pelos turcos e reconquistada pelos próprios cruzados anos antes.
Acredito que os turcos, de certo modo, tiveram sorte por suas cidades estarem após as fronteiras de Jerusalém, a Terra Santa, pois quem sabe a extensão dos saques e barbaridades que eles poderiam ter sofrido. Apesar deles próprios terem feito o mesmo quando tomaram Jerusalém.

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The Crusades was a period on the history, beyond anything, with a lot of contradictions. Heroism and cowardice, brutality and respect, wisdom and folly, greed and self-sacrifice. And of all of those contradictions the greed was the one which closed the scenery of the Crusades. Even today we
still don't know if to loot Constantinople was the original plan or if it happened because of a series of facts that leaded to it.
Constantinople, since the first Crusade, was ally with the Christians, but centuries of religious disagreements had made worst the situation. The occidental church disagreed on several aspects to the byzantine church. Besides that the wealth of the Byzantine Empire was always envied. The
church of the West had a certain inferiority complex against Byzantine civilization, further developed.
Together with this the Byzantine people were deeply resentful with the past imperators that took occidental manners and looked for occidental brides just to fortify their strategical alliances. Since the disaster of Myriocephalum in 1176, Byzantium had been deteriorating alarmingly. A
succession of second class emperors and the empire disordered leadership collapsed, leaving it vulnerable to an attack.
This attack came on the Forth Crusade. The main goal of this Crusade was the Egypt which, according to Richard from the England, was a weak sector of the muslin. However a series of misfortunes redesigned the destiny of the Fourth Crusade. With the death of Count Tibaldo the leadership was attributed to Boniface of Montferrat, which had a strong alliance with Philip of Swabia who had a certain dislike of Byzantium. Also there was a strong money spent by Venice to build a fleet of new ships to carry the crusaders. The number of soldiers was much higher than expected leaving the coffers of the city in a budget deficit. Then there was a deal with the crusaders to they take back the city of Zara, taken by the Hungarians, in exchange for payment of the ships. The city resit for a few days, but on November 15, 1202 it succumbed and was exposed to the horrors of looting. And was there, on Zara, that the destiny of the Fourth Crusade was modified.
On april 25, 1203 the son of the deposed emperor, Alexius, appeared in town with a proposal for huge rewards if the Crusaders recovered Constantinople for him. On april 6, 1204 they attacked the city, but they were repelled. So proud were the Byzantines with the failure of the attack that they showed their bare buttocks to the Crusaders as derision. On the morning of April 12, 1204 the Crusaders regrouped for a final assault. Bridges were improvised in Venetians ships for the soldiers would go over the walls into the city. Ships advanced to the ancient walls of Constantinople and launched an artillery attack. Attempts to burn defenses with Greek fire failed. In response the Greeks catapulted stones on the Venetian ships, but they possessed a fairly rugged construction, thus avoiding a lot of damage.
One of the Venetian ships could then come to the walls. One rider crossed the walls, followed by another and another soon forming a basis. Other areas of the wall fell to the Crusaders and the defenses were overwhelmed. But they still needed to defeat a last line of defense. It seemed to
hold up well when one explosion consternation within the city. The fire got out of control. In the panic that followed the line of defense fell apart and the Crusaders took the city completely. The just might Emperor, Murzuphlus, escaped as fast as he could, and the leaders of the Crusade
entered the palace.
There was little resistance and then everything seemed calm. The morning after the leaders met. Now commanded one of the richest cities in Christendom with an army that was expecting some form of payment. This was done in a simple and shocking way. For three days the city was handed
over to the soldiers there to they do what they wanted. Thus began one of the most horrific and infamous scenes of the history of the Crusades. An orgy of obscenity was triggered. Soldiers blinded by drink spread on city streets terrorizing the citizens. They took everything they wanted:
treasures, drink and women. Young nuns were raped inside their convents, they hit women with their children, the destruction was horrendous and often sacrilegious. The remains of Emperor Justinian were violated and his jewelry stolen. Churches were looted. The greatest indignity came to town when the doors of the Church of Hagia Sophia was overturned and looted all the gold and silver that adorned it. Some examples of the rich heritage of Constantinople were taken by the Venetians, who admired its work, but this ancient heritage was destroyed by the carelessness of the Franks.
"Such theft has never been done in any city since the world began - reported a chronicler that was present. It was a shameful act, without provocation, without respect or pity. A heinous misrepresentation of what was supposed to fight the crusaders. The same Constantinople who had been attacked and conquered by the Turks themselves, years before.
I believe that the Turks, in some way, were lucky for their cities are beyond the boundaries of Jerusalem, the Holy Land, because who knows the extent of looting and atrocities they might have suffered. Although themselves had done the same when they took Jerusalem.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Campo de Flores


Quinta Flower 24
Upload feito originalmente por Mááh :)
Sozinho como em um deserto. Tão silencioso que se pode escutar o balançar das pétalas das flores no campo. Sozinho no meio de tantas cores e odores. Olho para cima. O céu está claro e límpido, como deve ser. Sinto as pétalas macias tocando meus dedos. Não consigo ver onde termina esse imenso campo de cores. Elas são vermelhas com listras brancas. Algumas azuis. Pergunto-me como alguém pode sentir-se só em quão belo lugar cheio de tanta vida ao seu redor. Talvez apenas quisesse eu alguém para compartilhar tudo isso. Esse campo e essas flores. Gostaria que fossem falsas. Flores artificiais. Ao menos desse modo faria algum sentido toda essa solidão. Minha sombra. Minha única companhia aqui. Agora e para sempre olhando um imenso e belo campo de flores, mas que no final são apenas cores.

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Alone like in a desert. So quiet I can hear the flapping of the petals of flowers in the field. Alone among so many colors and smells. I look above. The sky is clean and clear, as it has to be. I feel the softly petals touching my fingers. I can't see where this large field of colors ends. They are red with white stripes. Some are blue. I ask myself how someone can feel alone in such beautiful place, full of colors and life around. Maybe I just wish someone near me to share all this. This field and those flowers. I wish they were fake. Fake plastic flowers. At least would have some sense this loneness. My shadow, my only company here. Now and forever watching a large and beautiful flower field, that in the end is nothing more than colors.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pas plus solitaire...


Pas plus solitaire...
Upload feito originalmente por Guzma
Removerei qualquer comportamento grosseiro, rude ou agressivo como uma máscara, e se ainda aceitarem colocarei uma outra mais amável, com sorriso, alegria e amigável. E então esperarei que minha companhia possa ser mais agradável. Que eu seja bem-vindo em vossos lares a qualquer hora. Porque todo esse mundo para mim é muito estranho e novo. Tenho que pensar sobre isso e me adaptar. Esquecer de onde vim. Esquecer minha natureza. Talvez assim alguém me encontre e me devolva ao meu mundo. A recompensa oferecida, terei? Dignidade? Se eu a encontrar será ela realmente minha? Venha, vamos procurá-la! É hora de partir, e acho que você também deveria fazê-lo...

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I'll remove any rude, aggressive or bad behavior, like whose remove a mask, and if you still accept I'll put another one, friendlier, with joy, laughter and lovely. And then I'll wait for that my company may be more pleasant. That I may be welcome in your homes at any time. Because this world for me is very strange and new. I must think about it and do my adaptation. Forget where I came from. Forget my nature. Maybe then someone find me and take me back to my world. The reward offered will I have? Dignity? If I find, will it be really mine? Come, let's look for it! It's time to go, and I think that you should do the same...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Roubando o show


Two Friends That I'm Fan
Upload feito originalmente por Guzma
Uma movia-se com graça, como fosse familiar a todos aqueles movimentos. Como algo que já fosse nativo a si próprio. A outra tinha em seus movimentos algo de disciplina. Quase mecânico. Fazia todos eles como se seguisse um roteiro que nunca mudava. Era assim todo ensaio. Era assim em todo espetáculo. E era isso que fazia cada show especial. Júlia e Beatriz, amigas desde quando ainda tinham cinco anos de idade, trabalhavam como duas peças de uma máquina extraordinária.
Mas naquele dia Beatriz queria algo mais. Não queria dividir a atenção do público nem os aplausos com ninguém. Beatriz queria ser única naquele espetáculo. Roubar o show para si. Só que quando se rouba algo, também perdemos algo junto, se não me falha a memória cansada. Naquele dia não queria perder tempo. Faria já na matinê.
A casa estava cheia, como sempre. A multidão amontoada entre as cadeiras. Pontos escuros como um grupo de corvos negros grasnindo. Elas entram no palco para executarem seu número. Júlia, apesar de não ter seus movimentos feitos de maneira tão metódica, sabia sempre onde e como se posicionar, pois Beatriz estaria lá, certa como a engrenagem de um relógio que nunca para. Mas naquela manhã seria diferente. Esqueçam os roteiros, as seqüências, os ensaios e toda a engrenagem que nunca falhava em um único movimento. Aquela manhã seria eternizada na mente daqueles espectadores.
Júlia foi a primeira a subir nas barras. Girava e girava usando transformação da energia cinética pra tomar impulso voando para a próxima barra.
Chegava a vez de Beatriz agarrar-se a barra agora. Girava e girava do mesmo modo que seus pensamentos giravam em espiral. O que estava fazendo, ela pensava. Paradas, novos giros e inversões, Júlia percebia que algo estava errado. Ela tinha que se esforçar cada vez mais para acompanhar os movimentos imprecisos de Beatriz.
Foi quando no último movimento, no último salto, Beatriz não estava onde deveria estar. Beatriz improvisara um movimento que a pôs em um lugar faux. Júlia saltou para o nada. E foi nada que a segurou. Júlia caiu no chão, quebrando seu delicado pescoço. Beatriz conseguiu o que queria. Roubou a cena, o show, o espetáculo e a vida de sua grande amiga.
Assim é uma amizade. Você pula, rodopia, salta, mas sabe que vai ter alguém lá que vai te segurar pra complementar teu movimento. Que não vai te deixar cair. Você confia. Júlia confiava em Beatriz. Não apenas pelo espetáculo, mas pela amizade construída durante tantos anos. Beatriz agora provava do seu próprio torpor, pensando com amargura naquele corpo miserável que jazia desalinhado no chão. Desejou que a alma imortal de sua amiga já estivesse bem longe, abrigada sobre as grandes asas de Deus. Beatriz tinha agora todas as atenções voltadas para si, assim como desejou.

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One moved with grace, as she was familiar to all those movements. As something that was already native to herself. The other had something of discipline on her movements. Almost mechanical. She made them all as if following a script that never changed. So were like this all the rehearsals. And as it was also throughout the show. And that was what made each show special. Julia and Beatrice were friends since they had five years old and worked together as two parts of an extraordinary machine.
But that day Beatrice wished something more. She didn´t want to share the attention of neither the public nor the applauses with nobody. Beatrice wanted to be unique on that show that day. Stealing the show to herself. But when you steal something, you also lose something together, if my tired mind isn't cheating me. In that day Beatrice didn't want to lose time. She would make it already on the matinee.
The place was crowed, as always. People squeezing between chairs. Dark spots as a group of black crows, caw. They come into the stage to perform the show. Julia, instead of doesn't move so methodically, always knew how and where to be placed, because Beatrice would be there, right as the engine of a clock that never stops. That morning would be immortalized in the minds of the spectators.
Julia was first to go up on the bars. Spinning and spinning turning the kinetic energy into an impulse, flying to the next bar. Now was the time to Beatrice gone up to the bars now. Spinning and spinning as her thoughts were spinning on a spiral. What I'm doing, she thought. Stops, new spinning and inversions, and Julia noticed something wrong. She was about to do more and more efforts to follow the inaccurate movements of Beatrice.
And so on the last of the movements, on the last jump, Beatrice wasn't where she was supposed to be. Beatrice improvised a movement which she was placed falsely. And Julia jumped to the empty. And the empty couldn't hold her. Julia felt to the ground broking her delicate neck. And Beatrice got what she wanted. Stole the scene, the show, the public attention and her friend's life.
And so it is a friendship. You jump, spin, fly, but you know that always will be someone there to hold you and complete your movement. Someone that will never let you follow down. That you trust. Julia trusted Beatrice. Not even for the show, but because their friendship built among several years. Beatrice now was tasting her own torpor, thinking bitterly about that miserable body lying disheveled on the floor. She wished that the immortal soul of her friend was already far away, housed on the main wings of God. Beatrice had now all attention focused on herself, as she desired.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Smile


Mirando las luces...
Upload feito originalmente por Guzma
Quem me conhece sabe que não costumo postar ou comentar sobre aqueles textos com mensagens de estima, filosofia, bla bla bla, como textos de Charlie Chaplin, Victor Hugo, Luis Fernando Veríssimo (ou ao menos que supostamente o colocam como autor de certos textos), etc. Mas recentemente tenho lembrado bastante do texto Smile, de Charlie Chaplin, e de sua adaptação musical de Djavan - Sorri - bem diferente do texto original, mas que trás a mesma mensagem. Engraçado que lembro de alguém chorando e cantando essa mesma música. Pior, não tenho certeza se era eu próprio a fazê-lo.

Sorri
Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios
Sorri
Quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador
Sorri
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos
Sorri
Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz



Those who knows me heard about that I don't use to post or comment about those texts with messages of esteem, philosophy, bla, bla, bla, as the texts by Charlie Chaplin, Victor Hugo, Luis Fernando Veríssimo (or at least texts that are allegedly posted as his own), etc. But recently I have been remembering a lot about the text Smile, by Charlie Chaplin, and its music adaptation by Djavan - Sorri - quite different from the original, but brings the same message. Funny that I remember somene singing and crying this song, but I can't remember if it was me.

Smile
When the pain comes to torture you
And the missing torment
Your sad days, empty
Smile
When everything is over
When nothing more left
Of you charming dream
Smile
When the sun lose its light
And you fell a cross
Upon your tired shoulders, painful
Smile
Going feeling you pain
And in noticing that you smile
Everybody will suppose
That you're happy