quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dinamene...

Quando de minhas mágoas a comprida


Quando de minhas mágoas a comprida
Maginação os olhos me adormece,
Em sonhos aquela alma me aparece
Que pera mim foi sonho nesta vida.

Lá numa saudade, onde estendida
A vista pelo campo desfalece,
Corro para ela; e ela então parece
Que mais de mim se alonga, compelida.

Brado: "Não me fujais, sombra benina!"
Ela, os olhos em mim c'um brando pejo,
Como quem diz que já não pode ser,

Torna a fugir-me: e eu, gritando: "Dina..."
Antes que diga mene, acordo e vejo
Que nem um breve engano e posso ter.
(Luís de Camões - Um dos Sonetos escritos a sua amada Dinamene, que morreu em um naufrágio enquanto Camões salvava Os Lusíadas)




When the postponement of my sorrows

When the postponement of my sorrows
On magination the eyes sleep,
On dreams that soul appears for me
And for me was a dream in this life.

There in the missing, where outspreaded
The view on the field dies,
I run to her; And so she seems
That from me she's going far, forced.

I cry: "Don't run from me, good shadow!"
She, the eyes on me with an easy shame,
Like who says that can be no more,

Again she runs: And I, screaming: "Dina..."
Before to say "mene", I wake up and see
That neither a little mistake I can take.
(Luís de Camões - One of the sonets wrote to his beloved Dinamene, who died on a shipwrecked while Camões was saving The Lusíadas)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Desculpas...

Esbarro propositalmente. Derrubo meus livros no chão. Causo o transtorno. Tudo apenas para uma oportunidade de falar com você. Nem que seja apenas um "Desculpe-me". Algo que me dê a esperança de um início de conversa. Algo apenas para ouvir sua voz, ou ficar mais alguns segundos ao seu lado. Faço-o pois não sei o que falar ou como me aproximar. Não sei dizer coisas legais. Não sou legal como as outras
pessoas.
Apanho minhas coisas espalhadas pelo chão, desajeitadamente. Você abaixa-se para ajudar-me. Desejo ficar ali recolhendo coisas por horas. Pegamos a mesma folha de papel, onde em meio a alguns versos seu nome está escrito nela. Nos levantamos juntos e você me entrega tudo o que conseguiu apanhar.
- Me desculpe - falo.
- Idiota - Você responde e continua seu caminho.
Continuo meu caminho sentindo-me mais miserável do que antes e menos esperançoso do que sempre.



I bump into you on purpose. Drop my books and notes on the floor. I do the disruption. All this just to an opportunity to talk to you. Even if just a "I'm sorry". Something to give hope of a beginning of some conversation. Something just to hear your voice, or stay few more seconds near you. I do it because I don't know how to speak or approach. I don't know how to speak something cool. I'm not cool as the others.
I pick my stuffs speared on the floor, clumsy. You come down to help me. I wish to stay there, picking my stuffs for hours. We take the same paper sheet, where between some verses, your name remains there. We stand up together and you give me all the things that you got to pick.
- I'm sorry - I tell you.
- Asshole - You answer and keep on your way.
I take my way feeling more miserable than before and less hopeful than ever.